Perigos da piscina
Especialista em Medicina do Surfe, Dr. Guilherme Vieira Lima fala sobre as diferentes lesões que o surfista pode encontrar em uma piscina de ondas.
Surfe é um esporte em constante mutação. Os avanços tecnológicos, os novos picos sendo descobertos, novas manobras sendo executadas faz com que as lesões produzidas nesse esporte sejam de um espectro muito amplo.
Hoje, no Surfe de Onda Gigante, o surfista realiza um treinamento específico para essa modalidade como: apnéia, fortalecimento da musculatura torácica, equilíbrio e até psicológico. O equipamento utilizado nessa modalidade (tamanho da prancha, roupa inflável e etc..), também obriga o praticante a ter um preparo diferenciado.
No início desse mês, aconteceu o grande evento da WSL (Founders’ Cup of Surfing) na piscina de onda em Leemore – California EUA. Claramente observamos uma modalidade muito diferente daquela praticada no mar. Um surfe mais explosivo, de manobras rápidas, aéreas e previsíveis. Fatores como: sorte, posicionamento, correnteza, tamanho, período, velocidade e direção da onda já não são tão mais considerados. Assim como nos campeonatos de “Half Pipe” do skate, o surfista já possuí toda a sua série de manobras pré-determinadas e o quesito capacidade de improviso não é muito mais necessário.
Nessa nova modalidade não existem mais longas remadas, “furar”onda, grandes vacas, série na cabeça e prioridade na onda. O surfe na piscina, tolera menos erros, uma queda já compromete a pontuação sem a possibilidade de recuperação na bateria. Foi nitidamente notado o nervosismo e ansiedade do surfista ao esperar a onda, e ao final, o cansaço físico como a um corredor de 100 metros rasos. Essas diferenças, dentre muitas outras, exigem uma capacidade física e mental peculiar ao atleta.
Um treinamento mais focado num fortalecimento da musculatura de membros inferiores para um surfe mais “power”, um controle proprioceptivo para uma aterrissagem perfeita de um aéreo, um controle de coordenação de membros e troncos para uma manobra mais rápida, um preparo físico metabólico energético para uma onda surfada por cerca de 1 minuto com um descanso de 3 a 5 minutos entre elas, além de um preparo emocional psicológico para a situação de stress e ansiedade, são as primeiras adaptações do treino para esse tipo de campeonato.
Em relação as lesões, provavelmente vamos notar um aumento de entorses e até fraturas do tornozelo, lesões ligamentares e meniscais do joelho, estiramento e fadiga muscular da coxa e quadril, e uma diminuição das lesões no ombro e coluna, e redução das incidências dos ferimentos corto contusos na face.
Outra questão muito importante em relação ao surfe de piscina é a falsa sensação de segurança que ele promove. Apesar da profundidade da piscina não ser grande, o surfista ainda pode se afogar se o estabelecimento não tiver uma estrutura de guarda vidas e resgate adequada. Após um trauma crânio encefálico com perda de consciência qualquer um está sujeito a um afogamento. Por isso, atenção e prevenção sempre!
Estamos todos muito eufóricos com essa novidade! É o sonho de criança de tornando se realidade.
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